A semântica do amor

O problema do amor é que ele é um substantivo
que pensa que é verbo
e precisa ser conjugado em todos os tempos,
pretérito, presente e futuro.
Geralmente ele deixa o pretérito "imperfeito"
o presente "mais que perfeito"
e o futuro "tomara que fique perfeito"

O que seria dos belos se descobrissem o amor de verdade?

O amor não é parido de combinação de fatores qualitativos, se fosse assim, somente os belos e bons seriam amados.
O amor não é carteziano, não faz contas, não mensura e nem põe as cartas na mesa, não é pragmático, nem perfeccionista.
O amor é meio burrinho, mal sabe a soma de 2+2, ele existe por fatores alheios ao nosso intelecto.

Um dia você olha, se interessa, entra num estágio de "emburrecimento", e se apaixona, pronto, tá feito.
Não foi o carro, não foi, a roupa, não foi a ficha limpa na polícia, não foi o nome limpo no SERASA, não foi a linhagem, nada disso, foi algo besta que te fez ficar apaixonado.

Pode ter sido um sorriso, o jeito de andar, o tom da voz
o jeito de mexer a sombrançelha quando fala, sei lá, qualquer coisa boba, a pessoa nem precisa ser considerada bonita dentro dos padrões sociais de estética, afinal de contas, o amor e o sentimento são praticamente inimigos mortais da razão, da coerência e graças a Deus, o amor é inimigo do conceito de estética.

A pessoa que a gente ama, sempre vai ser mais especial do que as demais, mesmo que não seja a única.

Tem até uma música que diz: "Você não vale nada mais gosto de você". A música é ruim, quem canta é mais ruim ainda, mas a composição da música é uma verdade, pois quando se ama, quando se gosta, os defeitos ficam no campo da razão, e o prazer no campo da emoção, e nessa disputa da razão com a emoção, a razão seria o Rubinho Barichello, ou seja, nunca chega primeiro.

Amor é semântica brother, pura semântica...