Powered By Blogger

Marcadores

Poesias e Crônicas

domingo, 6 de novembro de 2011

A internetimidade - Um meio ou um fim?


A INTERNET - UM MEIO OU UM FIM?

Olá crianças.
Estava eu conversando com uma amiga sobre a impessoalidade dos meios virtuais que dominam a grande parte das comunicações e relações hoje em dia, sejam elas comerciais ou pessoais, e acabamos concordando que hoje, tudo está virtual demais, informatizado demais, digital demais.

Fiquei pensando e lembrando o cotidiano e realmente estamos mega escravos dessa internetimidade, (essa palavra eu criei a partir do binômio: internet e intimidade) que atualmente está abundante, gratuita, e despudoradamente inserida na nossa vida.
Essa inclusão digital beira um contra-senso, pois após essa pseudo-inclusão, é muito comum a pessoa se recolher dentro desse mundo virtual e se isolar das outras maneiras de comunicação, começam a interagir de seus quartos, suas salas e escritórios.
O que era para incluir, acabou formando "ïlhas" separadas fisicamente uma das outras, interligadas somente por cabos, fibras e sinais de satélites.
Hoje as pessoas não conversam mais, é mais fácil enviar um feliz aniversário via e-mail, é mais fácil contar um piada eletronicamente, as pessoas estão desaprendendo a interagir de forma pessoal, física e direta.
Hoje é comum no escritório, alguém dizer: "Abra o e-mail, te passei uma mensagem legal", ou então: “Abra o bate-papo, preciso falar com você”.
Isso é deprimente, pois ambos estão um ao lado do outro e não verbalizam mais, custa falar de verdade , tomar um café juntos, discutir na hora do almoço?
Viramos especialistas em conversas via, msn, skype, spark, ou qualquer outro meio on line de conversa instantânea.
Estamos perdendo o senso tátil, auditivo, e sonoro das nossas comunicações, tem pessoas que conseguem expressar uma emoção através de carinhas de emottions, e outras tantas grafias, mas não sabem mais expressar um sorriso, ou até fazer uma cara feia de descontentamento.
Mas isso não é o pior.
Esse fator de isolamento físico não é o maior malefício ou efeito colateral do mal uso da internet, o grande vilão penso eu é a IRRESPONSABILIDADE que se aplica nesse meio de comunicação, que aliás, deveria ser apenas "um meio"e não o único modo de interagir.
Se voltarmos a um tempo atrás, (para os contemporâneos meus) havia uma brincadeira de criança que chamávamos de: CADERNO DE CONFIDÊNCIAS, essa prática consistia em você colocar umas 50 perguntas de caráter pessoal e passava para as pessoas responderem. Era impressionante como a garotada se "soltava" e inseria nas folhas as respostas mais íntimas e constrangedoras possíveis, coisas que JAMAIS diriam de forma verbalizada ou pessoalmente à alguém. Isso ocorre hoje em grande escala, ou seja, os MSN's da vida, ORKUT's, FACEBOOK, TWITTER e ou qualquer outro meio virtual de relacionamento.
Existe uma condição mental, que nos torna um pouco irresponsáveis pelo que escrevemos, pois não existe o julgamento imediato da palavra dita, não existe o peso da sonoridade da expressão.
Notem que nesses meios virtuais,  geralmente  somos representados por uma foto, ou qualquer símbolo gráfico, e com isso nos sentimos protegidos,e, portanto, pode-se despejar para o mundo, tudo o que somos, gostaríamos de ser, pretendíamos ser, pensamos, fazemos ou faremos.
É uma puta de uma ilusão, pois fechamos a porta da sala, a janela do quarto, a porta do banheiro para garantir nossa privacidade, e deixamos nossa vida exposta na grande rede, o fato de estarmos trancados em nossas casas, nos dá a falsa impressão de segurança, nos enganamos com uma blindagem física, mas totalmente expostos e vulneráveis, isso ocorre na imensa maioria com a molecada, é claro que tem uns tios e tias, que também perdem a noção e se expõem para não se sentirem "out". Francamente viu?????
Outra coisa chata, é a banalidade com que as coisas são ditas nesses sites, é tudo mais fácil, mais vulgarizado, e incrivelmente descompromissado.
A exemplo do "paleontólico"e "jurássico" caderno de confidências, as coisas que são expressadas SEM  o olho no olho, não nos amedrontam tanto, não comprometem tanto, e portanto, são despejadas com maior facilidade e naturalidade.
Hoje em dia existem pessoas que são capazes de digitar "EU TE AMO" mas não teriam coragem de dizer isso olhando nos olhos da outra pessoa. É tão mais fácil, se envolver e deixar ser envolvido por outra pessoa de maneira virtual, temos até namoro virtual, sexo virtual,  é uma escravidão digital.
Como podemos nos relacionar com alguém de maneira virtual? Os recursos virtuais deveriam ser apenas uma das maneiras de se relacionar.
Até para os cafajestes de plantão, é mais fácil passar uma cantada virtual, do que chegar na menina, e tentar ao vivo e pessoalmente. (se bem que ainda tem muito cara de pau nesse mundo)
Mas o descompromisso do tato, da visão, que existe da virtualidade dos meios eletrônicos nos tira o peso inquisidor de olhar para dentro dos olhos da pessoa e dizer o que pensa o que sente, o que deseja.
Creio eu que os aproveitadores sentimentais da internet, são puramente produtos dessa ingenuidade e infantilidade que assola a maioria dos internautas, pois todos aqueles que se deixam ser enganados, tanto de maneira sentimental como material, são pessoas que ainda não tiveram essa leitura real da internet, pobres imaturos e vislumbrados.
Estamos tão acostumados com essa “internetimidade” que se acharmos uma pessoa linda, se acharmos alguém interessante, o que se faz de imediato? Procuramos saber se essa pessoa tem MSN, ORKUT, FACEBOOK, TWITTER, etc... e etc..., com a sensação de que precisamos desses meios para abordar virtualmente antes de simplesmente dizer: "Nossa como você é bonita", "Como você é interessante" ou qualquer coisa que certamente irá deixar uma pitada de constrangimento.
Afinal de contas o constrangimento é o pai de todos os inícios de relações, é necessário, e imprescindível, é como o SUPEREGO que nos orienta, nos julga e controla nossos atos.
Essa massificação do uso de meios eletrônicos faz com que as pessoas se tornem mais irresponsáveis, para dizer as coisas, se tornem mais corajosos, para manifestar suas opiniões e desejos, se Sigmund Froid  estivesse vivo, certamente chamaria a INTERNET de "BLOQUEADOR DE SUPEREGO".
É claro que esse recurso é fundamental hoje em dia, não podemos e nem devemos ser hipócritas para dizer o contrário, até porque eu como blogueiro que penso ser, uso a internet para expressar meus pontos de vista, como é o caso desse texto, mas existe a necessidade de uma ponderação, pois poder compartilhar textos, e filosofias sobre a vida é uma coisa, mas expor sua vida e inseri-la totalmente na grande rede e fazer das redes sociais o único meio de inserção social é ser um tanto quanto irresponsável, imaturo, ingênuo, inapto e despreparado para o uso desse recurso. Os sites de relacionamento tipo facebook, Twitter, Orkut da vida são legais, desde que usados com parcimônia.
O grande problema é a velocidade, pois evoluímos mais nesses 50 anos de história do que em centenas de outros anos  passados, nesses últimos 10 anos então é absurdamente desproporcional a relação de tecnologia e grau de maturidade e poder de discernimento das pessoas.
É como se ainda não tivéssemos nem a carteira de habilitação para dirigir e nos dessem uma MASSERATI, óbvio que dará merda.
Porém, fico muito contente quando percebo que mais pessoas também pensam assim.
Por exemplo, essa amiga que eu citei no início do texto, também percebe que estamos perdendo alguns valores e premissas.
Ela prefere ficar anônima, prefere apenas expressar sua opinião sem exposição. Mas mesmo assim agradeço à você menina, anônima menina













Um comentário:

  1. Muitas vezes deixa-se de lado o real para viver o virtual e isso é retrocesso, mas também podemos dizer que o custo e a vantagem de estar em contato constante com pessoas que possuem a desvantagem da distância e dos recursos é um grande avanço, como vc coloca em outras crônicas, depende da forma que você vive e vê.

    ResponderExcluir