Oi mãe, bendita mãe.

Oi mãe...


Quatro décadas após ter saído do seu ventre
Me sinto cada vez mais carente de você.
Mas também sinto, e isso me pesa em dizer
Como se eu não tivesse aproveitado todo esse tempo o suficiente.
Como um presente, o melhor dos presentes.
Que eu deixei sob a árvore de natal.
Como se eu não tivesse vivido e brincado com ele o quanto eu gostaria.
Eu sinto mãe, sinto que poderia ter demonstrado mais o meu amor.



Oi mãe...
Eu sei o que você quer de mim.
Hoje ao olhar meu filho, eu sei o que você quer.
Que eu seja, só seu filho...

Que eu sinta falta do seu colo...

Que eu sinta falta do seu abraço...

Que eu sinta falta de sua cantiga...

Que eu sinta falta de sua comida...

Eu sinto mãe, sinto falta de tudo isso.

Eu sinto falta de você, do seu colo, do seu abraço, da sua cantiga

da sua comida, sempre tão gostosa e temperada.

Eu sinto mãe, sinto que poderia ter te entregado mais meu tempo.

Oi mãe...

São apenas 19 quilômetros que nos separam.

Uma posição geograficamente próxima.
Mas que eu transformo em uma distância enorme
tendo como desculpa meu trabalho.
Minha vida corrida.
Minha falta de tempo.
Eu sinto mãe, sinto que sempre pude contornar tudo isso para te ver.
Mas que muitas vezes não fiz.


Oi mãe...
Tenho saudade, muitas alíás.
De quando me pedia para por um casaco por causa do frio.
Quando abria minha mochila e colocava mais um pão para o lanche da escola.
Quando eu me atrasava e você me esperava a noite
brigava comigo e depois me beijava e me punha pra deitar.
Quando disfarçava que não queria, só para eu comer o doce inteiro sozinho.
Eu sinto mãe, sinto saudades de nos dois.


Oi mãe, bendita mãe.
Hoje eu vou aí
Vou te beijar
Vou te abraçar.
Vou ser seu filho.
Minha mãe, minha bendita mãe.